Bombardear Gaza não trará vitória a Israel

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Basta olhar para o bombardeamento massivo dos EUA no Camboja. A primeira diferença gritante entre o bombardeamento do Camboja e o bombardeamento de Gaza é que o primeiro foi mantido em segredo do Congresso dos EUA, do povo americano e do mundo, por mais bizarro que possa parecer hoje; obviamente não era tão secreto para os cambojanos. O incessante bombardeamento de Gaza, no entanto, é alardeado perante o mundo pelos líderes israelitas e recebe encorajamento e apoio material dos EUA e de outras potências ocidentais. Há mais de cinco décadas, a Força Aérea dos EUA executou a “Operação Menu” seguida pela “Operação Acordo de Liberdade” para erradicar o Vietcong, o Exército Popular do Vietname, do Camboja. Concentrou-se no bombardeamento massivo de vastas áreas de terra para destruir a Trilha Ho Chi Minh, uma enorme rede de caminhos e túneis usados pelos norte-vietnamitas através da selva que liga o Norte ao Sul do Vietname, através do Camboja e do Laos. O bombardeamento do Camboja já tinha começado em 1965, sob a administração Johnson; Nixon apenas intensificou. Entre 1965 e 1973, 2,7 milhões de toneladas de bombas foram lançadas sobre o país. Em comparação, os Aliados lançaram cerca de 2 milhões de toneladas de bombas durante toda a Segunda Guerra Mundial. Assim, o Camboja pode ser o país mais bombardeado da história. Contud…  o, em termos de quilómetros quadrados e de valor térmico, já pode ter perdido esse registo trágico para Gaza. Biden, Blinken e Netanyahu devem ser lembrados de que o horrível bombardeamento massivo do Camboja durante anos produziu apenas um resultado político seminal: a tomada do Camboja pelo infame Khmer Vermelho. O que resultaria da suposta aniquilação do Hamas não é, portanto, uma questão frívola. “Qualquer coisa que voe, sobre qualquer coisa que se mova” e bombardeios para “arrancá-los” semearam morte e crateras ainda visíveis hoje. Produziu infâmia e miséria, mas nenhuma vitória militar.